É possível ocorrerem mais mudanças na educação brasileira
Mal ingressou no magistério, Ilka Dias Castelo Branco, professora de Atividades do 5º ano do Centro de Ensino Fundamental 05 do Guará, viu o sonho de ser professora arrefecer-se pelas dificuldades que enfrenta diariamente no desempenho do seu ofício. A falta de um bom salário e de respeito dos alunos é um dos fatores que podem determinar se ela vai continuar com esse projeto ou partir para outros desafios profissionais.
A professora ingressou recentemente na Secretaria de Educação no meio de turbulências: “O grupo de colegas que entrou comigo na SEEDF só conseguiu ser efetivado depois de muita luta. Fiz parte de um grupo de professores(as) convocado e desconvocado em 2011 e somente após pouco mais de um ano fomos convocados e realmente efetivados”, lembra.
Apesar dos problemas, ela considera a solenidade do Dia do Professor sinônimo da comemoração de sua entrada nos serviços públicos e da conquista da estabilidade. Sem observar grandes mudanças na carreira nesses três últimos anos, Ilka diz que ingressou há pouco tempo e que, somente em junho de 2015, vai completar três anos de magistério público.
“Se considerar como referencial de data o meu ingresso no serviço público para analisar a trajetória da docência no DF, não visualizo grandes transformações nesse período, apenas pequenas mudanças, como, por exemplo, um aumento reduzido, que vem sendo acrescentado gradativamente e uma gratificação incorporada. Contudo, ao ouvir o relato dos colegas mais antigos, reconheço que muitas coisas mudaram para melhor”, afirma.
Embora atribua as vitórias da categoria à luta dos(as) colegas mais antigos, ela se identifica e se sente totalmente integrada a essa luta. “Com relação à carreira, acredito ter entrado num momento mais tranquilo e sei que muitos colegas já enfrentaram grandes lutas”, diz.
Para Ilka, por mais que a categoria tenha conseguido avanços, há muito ainda o que buscar no sentido de conquistar melhorias. “O salário de professor ainda não é o ideal, penso que seria justo a equiparação salarial. Ganharmos como muitas outras carreiras. Gostaria muito de ver a nossa profissão ser tão desejada e valorizada como tantas outras, mais crianças sonhando com nossa profissão. E penso que com um salário melhor, uma sala de aula confortável, com temperatura adequada, com qualidade sonora e equipamentos tecnológicos seriamos mais bem sucedidos e respeitados”.
A professora vê também a falta de autonomia como um dos principais aspectos que desfalcam a valorização e põe em xeque a permanência na carreira. “Toda a sociedade quer interferir no trabalho do professor(a). Acho que isso, às vezes, banaliza um pouco e desvaloriza nosso trabalho. Seria interessante se instituir a todos os professoras o acompanhamento com fonoaudiólogos e psicólogos, uma vez que ocorrem fatores que desgastam muito o profissional”.
“Sinto falta do respeito que tantos antigos relatam e que também é relatado em outros países de o professor falar e os alunos calarem, obedecerem, valorizar com todo aquele amor e consideração que vivíamos em tempos atrás”, afirma. A professora acredita que, com o Plano Nacional da Educação (PNE) e o Plano Distrital de Educação (PDE), este último ainda em tramitação, há possibilidades de o dinheiro público chegar, finalmente, na área da educação. “O pré-sal e os 10% do PIB podem fazer a diferença na educação se realmente o discurso da presidenta Dilma não for apenas palavras jogadas ao vento. Acredito que é possível sim ocorrerem mais mudanças na educação brasileira”, diz.
Professora: Ilka Dias Castelo Branco
Centro de Ensino Fundamental 05 do Guará
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